Muitos conhecem a acupuntura, mas não sabem que ela faz parte do sistema médico tradicional da China. Na verdade, naquele país, a medicina tradicionalmente, é composta por cinco pilares que em conjunto são utilizados para o tratamento e a reabilitação do paciente, lá a medicina é vista como uma ferramenta que promove o equilíbrio integral do indivíduo e não simplesmente uma ferramenta para curar males específicos, por isso, por exemplo, quem sofre de Insônia, de acordo com a visão da MTC deve cuidar melhor da saúde dos Rins, Fígado e Coração. Quem tiver fraqueza muscular deverá tonificar seus Pâncreas, sempre que alguém mencionar irritabilidade deverá ter seu fígado tratado. Trata-se de um sistema médico tão avançado que foi reconhecido, em 2010 como Patrimônio Cultural Intangível da Humanidade pela Unesco.
Na China, a técnica mais tradicional de massagem é conhecida como Tui Ná, infelizmente pouco difundida no Brasil, esta milenar técnica é uma das origens do Shiatsu por exemplo. Através da massagem o terapeuta irá manipular a energia vital do paciente, ou Qi como é chamada na China, através dos famosos meridianos de acupuntura, portanto, os efeitos da acupuntura são bastante similares e voltados para os mesmos fins que a massagem Tui Ná. Para a correta aplicação desta técnica é necessário dominar os trajetos dos meridianos, o sentido com que o Qi os percorre no corpo, seus pontos principais e suas funções, as relações existentes entre os órgãos, vísceras, emoções, órgãos sensoriais, cores, sabores, odores, etc. Somente assim o terapeuta saberá fazer um diagnóstico preciso e poderá atuar de forma a auxiliar o paciente a reestabelecer o seu equilíbrio.
Uma ginástica, exercício como Kung Fu e também o bastante difundido Tai Chi Chuan, isso porque, como a medicina moderna já comprova, atividade física praticada com regularidade e bem orientada, é um “santo remédio” para inúmeros casos, de depressão a fibromialgia, de constipação a hipertensão. Praticamente tudo melhora a partir do momento que o indivíduo inicia a prática adequada de atividade física. Dentre as atividades físicas praticadas na China, uma merece destaque, é o Qi Gong (lê-se Thi Cun), que vai muito além de uma simples ginástica, é um sistema de “manipulação” da energia humana a fim de fazer com que a mesma “vá” para o local do corpo onde é necessária, eliminar os bloqueios e estagnações de energia no corpo, tonificar os órgãos e meridianos em deficiência ou hipofunção ou sedar os órgãos e meridianos em excesso ou hiperatividade. Existe um campo do Qi Gong que se destina a desenvolver no praticante a capacidade de compreender seus próprios desequilíbrios energéticos e restaurá-los, além disso, ensina a buscar um aumento da energia vital, promovendo a vitalidade, longevidade, forca e equilíbrio físico e mental, o que por fim resulta em melhor qualidade de vida e saúde. É como uma preparação para o dia de trabalho, que feito com regularidade, evita aquela dorzinha nas costas, indigestão, sonolência ou aquele stress no final do dia. Outro campo do Qi Gong é voltado para terapeutas, que uma vez treinados conseguem realizar a manipulação da energia vital ou Qi do paciente, através de todas as outras técnicas da MTC, seja a Massagem ou a Acupuntura e desta forma potencializar os efeitos de seu tratamento. Por este motivo muitas vezes o paciente recebe o mesmo protocolo de pontos de acupuntura aplicados por dois terapeutas diferentes e com um deles sente os resultados enquanto que com o outro não consegue observa-los.
Também conhecida como Orientação Alimentar, consiste em utilizar os fundamentos teóricos da MTC para classificar os alimentos de acordo com suas propriedades energéticas sendo então recomendados ou proibidos para os pacientes em tratamento, dessa forma, os médicos tradicionais chineses já conheciam e aplicavam um conceito bastante “moderno” de que o alimento é o seu remédio, você é o que você come, que tantos livros hoje em dia nos apresentam como sendo a última descoberta da medicina! Na verdade, tais livros muitas vezes fazem uso dos conceitos identificados pela MTC, há milhares de anos e consistem em ótima leitura e material de consulta para terapeutas e interessados em saúde.
Na China este é um campo muito extenso e respeitado, na verdade, os médicos chineses que dominam a fitoterapia são mais respeitados que aqueles que atuam somente com a acupuntura. Consiste na utilização de formulações contendo diversas plantas e às vezes alguns componentes de animais, insetos, minerais, entre outras coisas, para tratar desarmonias distintas levando o paciente à recuperação de sua saúde. Sua complexidade é tanta que existem verdadeiros compêndios a este respeito e as formulações tradicionais são conhecidas há mais de 3000 anos e ainda hoje são elaboradas do mesmo modo e com os mesmos componentes para tratar os mesmos males. As formulações são compostas de modo que uma planta tenha o efeito principal desejado, ela é denominada erva Imperador. Algumas plantas podem potencializar o efeito da erva Imperador e são chamadas ervas Ministros. Outras são consideradas ervas Assistentes e entram na formulação com a responsabilidade de evitar os efeitos tóxicos dos outros componentes, neutralizando-os e também para proteger o estomago de possíveis agressões. Há ainda as ervas Mensageiras, que tem a responsabilidade de fazer como que os componentes da fórmula sejam adequadamente metabolizados pelo organismo e absorvidos nos órgãos adequados.
No ocidente, a acupuntura ganhou destaque depois que o Presidente norte americano Richard Nixon, na década de 70, iniciou um programa de estudos da acupuntura devido à experiência de um importante jornalista americano que foi tratado de dores pós operatórias na China somente através da acupuntura demonstrando excelentes resultados. Após este acontecimento, Nixon enviou uma equipe de médicos norte americanos para se especializarem em acupuntura na China, daí pra frente a acupuntura ganhou o ocidente, tornando-se muito popular em praticamente todos os países, dentre os quais se destacam Alemanha, França, Inglaterra, Canadá, EUA, sem mencionar Cuba, que por ser socialista já incorporava acupuntura em seus hospitais há muito tempo. No oriente, diversos são os países que desenvolveram suas próprias técnicas, todas a partir da acupuntura chinesa, entre os países orientais destacam-se Japão, Coreia do Norte e Coreia do Sul. Acupuntura consiste na aplicação de agulhas muito finas, praticamente indolores, em pontos específicos do corpo humano, tais pontos localizam-se ao longo dos meridianos, que são trajetos energéticos distribuídos pelo corpo, cada meridiano está associado a um órgão interno. O objetivo é tratar dores musculares, distúrbios respiratórios, queixas gástricas, edemas, queixas hepáticas, dores de cabeça, enxaquecas, impotência, incontinência urinária, problemas menstruais, doenças neurológicas, emocionais e uma infinidade de problemas de saúde. Tanto que em 2003 a OMS (Organização Mundial de Saúde), publicou um documento com embasamento científico que reconhece a eficácia da acupuntura no tratamento de 147 distúrbios orgânicos.
A teoria da MTC descreve 14 meridianos principais, dois quais 12 são bilaterais e associados aos órgãos e vísceras do corpo, são eles: Meridiano do Pulmão, Intestino Grosso, Estômago, Baço-Pâncreas, Coração, Intestino Delgado, Bexiga, Rim, Pericárdio, Triplo Aquecedor, Vesícula Biliar e Fígado. O Qi, ou energia vital, percorre estes meridianos, os próprios órgãos e vísceras, bem como todos os tecidos, músculos, tendões, nervos, ossos, vasos sanguíneos, etc, possibilitando que todas as ações e funções orgânicas ocorram de forma adequada. Caso algum bloqueio nesta circulação ocorra, seja qual for o motivo, o equilíbrio orgânico será afetado levando aos sintomas que são então identificados pelo terapeuta e posteriormente tratados através da correta escolha e combinação de pontos. Na verdade, o Qi de uma pessoa pode ser forte ou fraco, estar debilitado ou sem força e a partir disto as outras manifestações irão se instalar. A Medicina Tradicional Chinesa e seus Pilares nos ensinam que para gozar de perfeita saúde, o indivíduo necessita buscar seu próprio caminho de equilíbrio, utilizando-se dos pilares descritos acima com regularidade e sabedoria. É de extrema importância mencionar que, segundo a MTC, o indivíduo quando busca tratamento, não é um paciente nos termos com que nós os definimos, mas sim um “agente” de sua própria reabilitação, o terapeuta irá conduzir o processo e orientar o paciente, caso este não esteja disposto a fazer mudanças em seus hábitos, o tratamento será muito menos eficaz. Portanto, ao mesmo tempo em que a MTC constitui-se em um dos sistemas de tratamento médico mais avançados e sofisticados do mundo, é também um sistema que incentiva o paciente a conhecer-se para poder obter a cura desejada.
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