No ano de 1809, a Suécia ganhou uma nova Constituição Democrática, que tirou o poder dos antigos reis e aristocratas. A sociedade passou a não ser mais governada com a força do poder de poucos homens e, como conseqüência disto, surgiu uma nova forma de educação dos cidadãos. A industrialização nesta mesma época também mudou o perfil do povo trabalhador, quando as indústrias necessitaram de um corpo administrativo produtor. Como fazer as pessoas trabalharem nos mesmos horários o ano todo, quando a maioria era costumada a se levantar e a dormir com o nascer e o pôr-do-sol e dependendo das estações do ano? Como conseguir unir o homem soldado e guerreiro, com o novo homem defensor dos direitos civis? A resposta destas perguntas era uma só: a educação corporal e a disciplina física. Um corpo forte e resistente, na época, constituía também uma alma masculina poderosa que sempre estava pronta a se sacrificar pela pátria.
Na filosofia do alemão Fichte, discutia-se na época a luta entre o ser humano e a natureza, uma guerra interna de controle corporal e uma guerra externa de sobrevivência. Havia o pensamento de que, para ter progresso, era preciso sacrificar os mais fracos e que a guerra entre nações era um mal necessário. Mas Per Henrik Ling não tinha a mesma opinião. Ele viu o ser humano como parte de algo maior, com uma ligação à natureza divina e ao cosmo. Ele quis que o ser humano chegasse à harmonia entre estas guerras internas e externas, pelo esporte. Porém, ele viu a competição como uma ameaça à humanidade.
Com isso surgiu o movimento esportista e atlético na Suécia e no resto da Europa. Práticas de esportes e competições não eram mais exclusividade dos aristocratas. Per Henrik Ling estudava, com interesse, a filosofia e a literatura das antigas culturas, a Grega e a Romana, e constatou que os antigos atletas tratavam os músculos cansados com massagem. A palavra grega ma’sséin significa justamente apertar, friccionar e amassar. O pai da medicina, Hipócrates, escreveu 400 anos antes de Cristo, que o mais importante para um médico era “saber amassar”. E eram justamente os médicos que faziam massagem, uma arte que, na época, era considerada um dos mais finos tratamentos. No antigo império romano, a massagem chamada tripsis ou ana´tripsis manteve uma posição elevada e foi praticada pelos profissionais com formação médica. A técnica foi desenvolvida, chegou a um alto grau de aperfeiçoamento e começou a abranger tratamentos dos mais variados tipos. Na antiga ginástica e no atletismo, a massagem era considerada necessária para um bom desempenho corporal e a forma mais importante de tratamento de dores e lesões relacionadas à musculatura.
Estes conhecimentos profundos das antigas culturas perderam-se no tempo medieval, quando a Igreja Católica divulgou a idéia de que contato físico era algo pecaminoso, mais ligado ao prazer corporal. A partir de então, a massagem começou a ser considerada erótica no ocidente, uma idéia errada que infelizmente sobrevive até hoje. No oriente, porém, a religião não fechou o campo da massagem e os conhecimentos antigos foram preservados até os dias atuais.
A massagem ou a massoterapia sueca ou ocidental desenvolvida por Per Henrik Ling e seus discípulos Branting, Georgii e De Ron, foi baseada na sabedoria das antigas culturas, tanto do oriente como do ocidente. Eles criaram um sistema de massagem, aperfeiçoando os movimentos. E este sistema é usado até hoje. Eles acreditaram e provaram que a massagem não só tratava músculos tensos e melhorava o desempenho atlético, como também tratava problemas em órgãos internos como o estômago, intestinos, pulmões, coração e ainda problemas psicológicos. Hoje em dia, a massagem ou a massoterapia sueca é um conceito de qualidade mundialmente conhecido e é a forma de tratamento alternativa mais usada no ocidente, também chamada massagem clássica ou massagem ocidental. Esta técnica de massagem consiste basicamente em 5 movimentos (longos, circulares, transversais, arados e fricções) além de alongamentos e manipulações no sentido do fluxo sangüíneo, para melhorar a circulação. O tratamento usa óleos que ajudam a diminuir a fricção e deixam a pele mais macia.
Kerstin Uvnäs Moberg, professora sueca de fisiologia com 25 anos de pesquisa em medicina hormonal, explica no livro Lugn och Beröring (Relaxar e Tocar) como a massagem sueca libera o hormônio relaxante ocitocina, que alivia a dor. Ocitocina é também chamado o hormônio do amor e é fundamental para o bem-estar. Estudos recentes mostram que este hormônio é um dos mais importantes do nosso corpo e é fundamental para combater os hormônios do estresse e as nossas reações de luta e de fuga. Ele baixa a pressão sangüínea, relaxa o corpo, aumenta a tolerância à dor e estimula o crescimento.
Texto atualizado pelo Nils Bergqvist 04/07/2023.